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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Milagre


Entrelaçam-se ao som do Coração...
Lembro-me do tempo solar, daqueles instantes feitos de esperança,
recordo-te na paisagem que permaneces...
Amo-te no Sonho que insisto em Sonhar,
Olho-te e aconteces...
...Por Milagre...
Como que por Magia, aprendemos a navegar no tempo,
neste tempo que já foi neste tempo...
Olho-te, pego-te na mão, aninho-me em ti,
sinto o teu calor...
Sinto as tuas lágrimas antes de lacrimejares,
sinto as tuas mãos instantes antes de as tocar...
Escuto as tuas palavras antes de atravessarem os teus lábios...
Sinto em cada instante de Nós...
O Milagre!

Barão de Campos

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Palavras Mágicas...


Nascem e vivem dentro de nós,

escondidas em florestas de silêncio,

permanecendo assim, presas no corpo e na alma...

Palavras que não tivemos a coragem de pronunciar

no tempo e no espaço próprio...

Palavras ditas, palavras silenciadas,

a diferença abismal entre o som e o silêncio...

Palavras cansadas de não acontecerem nunca,

palavras agitando-se num grito inaudível...

Palavras que o tempo calou,

palavras que podiam ter rasgado horizontes,

palavras feridas que se debatem no esboço de um som...

Palavras que um dia talvez tenhas sonhado escutar,

palavras que não ousamos pronunciar...

Palavras... apenas palavras...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Em algum lugar...



A Madrugada envelhecia no teu olhar,
enquanto a brisa te acariciava os cabelos...
Naquele tempo ilusionista da eternidade,
pousavas o rosto no meu peito,
num gesto que tinha o valor das promessas...

Olhavas-me nos olhos e acreditavas num amanhã,
feito de alguma coisa que nos pertencesse...
Abraçavas-me e o teu silêncio encerrava a resposta...

Abraçavas a ausência, como se fosse possível,
calar o seu grito, o seu lamento, a sua morte...

domingo, 25 de maio de 2008

Tinta Invisível


Queria ser capaz de pintar no horizonte o vermelho dos teus lábios combinado com a esperança verde cálida dos teus olhos...

Queria ter a coragem de somar madrugadas sem subtrair os dias...

Queria caminhar sem ter a consciência dos meus passos...

Queria acontecer nas palavras e nas coisas, queria agarrar a tarde no seu equinócio...

Queria desenhar uma órbita onde o nosso percurso se confundisse com a eternidade...

Queria estar presente depois de partir e poder falar da minha inexistência...

Queria inventar uma possibilidade de contrair num conceito a possibilidade de oferecer uma chance ao impossível, negando-o no absoluto da sua essência...

Cântico Final


Contemplo o Agora numa agonia confusa e continuada... Sinto e pressinto o silêncio do vazio galopando na minha direcção... Sei que as palavras e os apelos são vagos e imprecisos...

Olho-te dentro dos olhos e sinto-te no teu cansaço e dôr, adivinho na tua presença os sinais que não quero ver...

Não sei se o amanhã é amanhã ou depois de amanhã, mas sinto-o numa brevidade cortante...

Procuro nas estrelas o brilho de um sonho que nos permita sobreviver, como se um beijo e um abraço forte fossem a força que ainda nos resta...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

...Dentro dos teus olhos...


Quando te olho bem dentro do olhar, sinto-te no teu mais profundo chorar...

Olho-te e vislumbro as sombras do teu mundo tão próximo e distante...

Amanheces em mim as Primaveras que o Tempo deixou de pintar,

repousas dentro de mim a dimensão que os Sonhos inventam para calar o medo...

Sei que a manhã tem a luz que o vento pode apagar, como se a vida fosse a chama breve de uma vela...

Dentro dos teus olhos navego nas suas lágrimas, como um naufrago em busca da sua ilha...

domingo, 18 de maio de 2008

Acreditar...


Procuro ler no tempo os segredos que nos darão todas as respostas, procuro uma pista, uma sombra, um rascunho, onde possa reconhecer o nosso amanhã...

Quero ter a certeza que ficarás a meu lado enquanto conseguir lembrar-me de Nós...

Preciso de acreditar no nosso Milagre... Preciso de ti...

Adormecer junto ao teu peito...


Húmidos, os teus lábios escalavam os meus, arrastando consigo as marcas rosáceas da escalada... Percorriamos os nossos corpos àvidos e ofegantes... De vez em quando, abria os meus olhos e vibrava com o Amor desenhado no teu rosto rosado, ostentando o brilho do verde paisagem dos teus...

Sei que o teu olhar acorda no meu, a doçura do teu encanto... Sei que a Madrugada quase apagou o seu brilho, mas o calor do nosso Amor Eterno gerou o Milagre de mais um Amanhecer...

sábado, 17 de maio de 2008

Recordação sem Memória...


Existe em mim a sombra vaga e breve dos meus olhos atravessando a neblina dos teus...

Sei que a memória se assemelhava ao ondular de uma lágima escorrendo na face como quem desce uma colina na direcção do mar... Talvez a saudade também tivesse o sabor a sal...

Não sei se sinto saudades de mim ou dos meus gestos inocentes, cândidos e perfumados com os aromas inesperados dos locais sem tempo...

Nascia em cada manhã um sonho sem contornos, como se a luz e a escuridão ainda fossem irmãs, havia dentro do meu coração uma chama que ainda acendia o olhar....

Naqueles dias inconscientes, a infinitude do Ser, acontecia de forma inominada...

Naquelas noites distantes, as vozes que rompiam o silêncio, tinham o calor de um abraço!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Na Curva do Tempo!


As imagens, os sons, os lugares, tudo se volatiliza... Persiste a memória vaga e exasperante, próxima da inexistência...

As lágrimas esqueceram a nitídez da razão do seu chorar, chegam e partem, distantes e amorfas...

Neste amanhecer onde as palavras se esqueceram do sentido, o mêdo e a angústia pesada, calcinaram o sonho, como quem retira a última esperança a um moribundo...

Esta manhã quase nocturna encerra na sua densidade, o indizível que há dentro de nós, como se uma palavra pudesse evitar a implosão de todo o nosso ser...

Cada olhar acentua o vazio deste tempo que não sendo meu, ainda é a única evidência que me liga à terra...

Não sei se estes vestígios de mim, ainda suportam a prova da minha identidade, ou se a sua linha ténue que os suporta, não será apenas ilusória...

Talvez, cada palavra ou gesto se tenha tornado absolutamente inútil e absurdo, talvez, este acto de ensaiar a escrita como quem ainda procura a eternidade, não passe de um grito sem som, onde a minha alma se contorce...

terça-feira, 4 de março de 2008

Perdido...



Procuro um lugar longe de mim,
do meu olhar cansado de não adormecer...

Preciso amordaçar a dôr e o medo,

libertar-me nos teus braços,

mesmo sabendo que pode ser o último abraço...

Sorrir nos teus lábios a côr dos meus,

amar-te sem antes nem depois,

ultrapassar-me sem ter consciência disso...
Ser Feliz sem o Pensar...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Nos Últimos Momentos...


Nos últimos momentos, talvez procure o teu calor, a tua ternura, ou apenas decida abandonar-me na solidão solene do último olhar...
Nos últimos momentos, é provável que a fragilidade seja próxima da orfandade, é natural que te pegue na mão para que a partida seja menos dolorosa...
Receio a aflição dos instantes derradeiros, sabendo-os finais...
A solidão comporta uma forma muito especial de ante-câmara da morte...
Confesso que não deveria estar a falar da morte, da minha morte, quando a vida ainda me pode surpreender...
Não sei, a tarde caiu densa e sufocou o meu coração e a minha alma magoada de uma dôr indizível...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Sinto o Tempo a esvair-se...


Este pode ser o instante último dos pensamentos

que ainda me restam…

Instante de dor consentida na mágoa

Alucinante da saudade…

Instante último de um tempo

Que não sendo meu, senti que um dia era minha pertença…

Não lhe conhecia o seu rosto,

Não imaginava os seus contornos…

A sua presença era visível na ausência…

Contudo, o hábito do novo dia,

Criava em mim a ilusão…

Não pensava o tempo a finar-se

Levando-me consigo…

Vivia numa inconsciência só geneticamente consciente…

Acreditava na Eternidade como fazendo parte dela….

Hoje, sinto a angústia das horas,

O anunciar de novas perdas…

Ausências que anunciam outras ausências…

Agora o coração chora baixinho,

Não vá o tempo acordar de mau humor…

A dor que se expande na Alma,

Uma dor cansada, rendida…

A angústia dos fins, das inexistências infindáveis…

As vozes, os rostos, os passos, os sorrisos e as lágrimas

Que partiram para sempre…

Acordo e sei que amanhã voltarei para a sua inexistência…

Hoje tenho a clarividência de saber

Que a maior parte das coisas

Que me disseram que eram as mais importantes,

Valiam menos que o mais fedorento excremento…

Hoje, mais que ontem, menos que amanhã,

Tenho a certeza que nos militarizam a mente

Durante dois terços da vida…

Mentindo-nos sobre os valores autênticos e nobres da vida…

Durante dois terços da vida enganam-nos

Com slogans publicitários de Poder, Juventude, Riqueza,

Incitando-se a requerer o ingresso no mundo dos poderosos,

Oferecendo-se o primeiro lance ainda na condição de escravos…

Um dia, de repente, convencem-nos que já não precisam de Nós,

Somos velhos, inadequados, desactualizados, inúteis…

Tecnologicamente Incapazes…

Tentam dizer-nos que o Amor é sinónimo de Pornografia…

Reduzem o valor de um beijo, de um abraço ou de um sorriso…

O valor de tudo reside na susceptibilidade de poder ser convertido em valor económico…

Os amigos de ontem, hoje são homens e mulheres de negócios sem tempo

Para investir em relações sem valor monetário…

Todas as pequenas coisas de que a vida é feita,

São coisas ridículas….

Devemos envergonhar-nos das nossas emoções…

Somos patéticos…

Lentamente, acabam por nos abandonar num lugar sem nome,

Onde nada nos é familiar…

Um lugar, onde, quantas vezes, durante a Noite nos erguemos,

Como fantasmas, procurando na escuridão os velhos interruptores…

Quantos sons pensámos ter escutado…

Por instantes, pequeninas fracções de Tempo,

Quase sentimos Esperança,

Quase podemos sentir o calor do nosso velho cão roçar as nossa frágeis pernas…

Quase Acreditamos num Milagre,

Um Milagre antes do último instante…

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Algures...


Não sei se é tarde em mim ou se a madrugada insiste em romper o véu deste real que me separa e corroi...
Não sei se é tarde ou manhã ou se ainda me resta algum tempo mais...
Não sei a côr dos teus lábios nem se os consigo tingir com o cansaço dos meus...
Não sei se as lágrimas podem ser eternas, nem se a angústia morre nos meus gestos de não acontecer...
Desconheço o sabor das palavras, a forma de suavizar o abismo... Nada resiste ao ondular indistinto do pensamento...
Nenhuma palavra, gesto ou grito sobreviverá...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Amar-te em Silêncio...


Percorro o teu corpo no silêncio mais profundo, evitando acordar o tempo...

Arde em nós a lava dos vulcões primeiros, tal como o toque dos nossos lábios...

Sinto-te na manhã de todas as manhãs, única no amanhecer suave e rosa...

Amo-te sem precisar de articular uma palavra...

Noite mortífera...


Cavalguei na noite as vestes do guerreiro perdido,

senti a lança da escuridão apertar-me o peito num golpe final...

Alheio à luz, percorri a escuridão na angústia perfumada de morte...


Nada nem ninguém me pode libertar,

a noite adensa-se dentro de mim,

toma conta de todo o meu Ser...


Incapaz de libertar uma lágrima,

a Noite comove-me a Alma de uma dança mortífera...

Queria Olhar-te...


Queria olhar-te uma última vez, olhar-te na imensidão da tua autenticidade...

Queria olhar-te e ver a transparência dos teus desejos...

Queria saber-te nas palavras omitidas, nas expressões ocultas,

Queria navegar-te e sentir-te em mim paisagem,

Queria inventar um beijo com memória eterna,

Queria acreditar que a melodia da tua voz pode voltar a surgir no sopro breve do vento...

Queria pensar-te e acontecer-te num lugar onde o tempo e o espaço se abraçam na eternidade...

Queria ser algo mais, algo inesperado...

Queria ser a palavra não pronunciada, o gesto por cumprir...

Ser-me na Insconsciência consciente do Ser...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Nos últimos momentos...


Não sei se é a saudade ou uma memória vaga, sem contornos nem parâmetros definidos... Não sei... Por instantes, fui sobressaltado por uma imagem grandiosa de um lugar impossível... Vislumbrei a silhueta do teu corpo na contraluz pálida do anoitecer... Não sei se eras tu ou a imagem que criei de tanto te imaginar na tela branca e negra... Não sei se desejava pintar o teu corpo ou apenas esboçar a tua Alma... Não sei... Senti sempre, que os teus contornos do corpo e da alma não se fixariam nunca... Amadureci o branco da tela, coloquei-o numa parede e consegui criar a tua ausência...

Numa tarde sem tempo...


Debruço o pensamento na tua direcção e não vislumbro o teu rosto,

algo ou alguma coisa de estranho, convence-me que exististe,

talvez, tenhas feito um gesto, talvez um som, talvez tenhas sorrido,

neste tempo onde não te reconheço nem invento uma expressão,

rasgo a neblina que te esconde, espreito em busca de um rosto,

um rosto, onde os lábios contrastem com o olhar...

Procuro um rosto que prove a nossa existência breve...

Cordilheira de Sonhos...


Quentes e melodiosos, os teus olhos flamejavam,

suspendias o pestanejar e parecias querer dominar

a eternidade dos instantes com o olhar...



Dentro dos teus olhos vagueavam sombras sem nome,

como se os teus olhos fossem tocas, esconderijos...

Havia dentro do teu olhar um pensamento, uma palavra, por dizer...



Nos teus olhos navegavam oceanos, levantavam-se tempestades,

dos teus olhos partiam e chegavam gestos sem amanhã...

Nos teus olhos ancoravam navios fantasmas
...